- Inês? Inês, acorda!
Abri os olhos e deparei-me com a Joana debruçada sobre o meu sofá.
Que raio ?!? Que estava ela a fazer em minha casa?
Eu tinha estado a dormir quanto tempo ?
- Finalmente, acordaste. Já te estava a chamar á um bom bocado. Vá veste-te, que eu já estou despachada. Piscina lembras-te?
AH, piscina. Para ser sincera, não me lembrava, mas era melhor despachar-me depressa.
Comecei por meter as coisas na mala. Toalha, protector solar, lanche, telemóvel e iPod… Estaria a esquecer-me de alguma coisa?
Era melhor por também algum dinheiro, para o caso de querer comprar algum gelado, ou uma coisa parecida.
Vesti o bikini num ápice, e despedi-me da minha mãe.
A piscina municipal não ficava a muitos quarteirões da nossa rua, portanto poderíamos ir a pé.
O pior, seria estabelecer uma conversa com a Joana.
Por sorte, ela deu o primeiro passo.
- Mudaste tanto, meu deus já não te reconhecia… ainda me lembro dos tempos que brincávamos juntas, éramos tão inocentes…
-Pois, todos temos de mudar um dia… se lembro! Tu querias sempre brincar às bonecas, e eu queria andar por ai de bicicleta, queria subir árvores, mas tu nunca querias alinhar porque tinhas medo de te sujar.
-Oh, claro, sempre fui assim. E acho que não mudei… Quer dizer, não mudei muito.
-Não sei… é esse tipo de coisas que não se pode dizer apenas com uma pequena conversa. Exteriormente, não mudaste de estilo, continuas a mesma betinha que sempre conheci. Ganhaste formas de mulher, não te dava a idade que tens… Eu, continuo franzina.
-Oh, tem cuidado a quem chamas betinha! Oh, até parece, Inês, tu também mudaste nesse aspecto.
Tinhamos chegado e estava uma fila enorme á entrada.
- Vamos ver se guardam lugar para nós- brinquei.
Ela não me ouviu, ou se ouviu, não me respondeu.
Pusemo-nos na fila e esperámos 20 minutos pela nossa vez de pagar as entradas. Fomos direitas aos balneários femininos para despirmos a roupa e fomos para o relvado em redor da piscina, apanhar banhos de sol enquanto fazíamos a digestão.
* * *
Querido Diário:
Hoje fui á piscina com a Joana. Ela cresceu, tanto mentalmente, como fisicamente.
Ela mudou imenso. Talvez já não seja a mesma Joana que eu conheci. Acho que merece uma outra oportunidade, porque parece ser fixe, sabes?
Bem, na verdade nem falei muito com ela. Adormeci na toalha enquanto estava a apanhar banhos de sol e acabei por apanhar o maior escaldão da minha vida. Dói-me o corpo todo, para além de que dormi toda a tarde e agora não tenho sono.
Não trouxe o portátil, mas quero falar com o Andrew. Aliás, preciso de falar com ele. É-me essencial. Estou ansiosa para que estas duas semanas que me separam do meu melhor amigo passem depressa. Por outro lado quero sair deste fim-do-mundo o mais rápido que conseguir.
Era capaz de ficar a escrever toda a noite, mas a minha mãe está a queixar-se por causa da luz. Ela tem o sono muito leve, e acorda por qualquer coisa.
Depois de fechar o caderno, liguei o iPod e meti os phones nos ouvidos.
Tocava November Rain dos Guns N’ Roses quando recebi uma mensagem.
Era a Joana.
“Já dormes?”
“não x)”- respondi
A partir daí falámos sobre assuntos muito variados. Recordámos os tempos de infância, falámos sobre a escola, sobre cinema , música, interesses… Acho que cheguei a contar-lhe sobre a minha ida á Califórnia.
Não esperava certas respostas dela, o que comprovava a mudança que antes sentira. Estava mais adulta.
Falámos até às duas e meia da manhã e depois disso adormeci a ouvir uma canção de embalar de Carter Burwell.
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