A verdade é que estava a anos-luz de saber o que fazer.
Concordava com o que ele tinha dito, mas gostava de conseguir mudar isso, gostava que voltássemos a ser os melhores amigos que éramos antes.
Continuei sentada nas escadas, e entretanto ele tinha-se ido embora.
Tinha de assentar a cabeça, pensar naquilo que queria realmente. As decisões mais importantes já estavam tomadas.
Já tinha dado a tampa ao Jared, por causa do Andrew. Qual seria o problema de… Namorarmos?
Sim ele era o meu melhor amigo. Ele conhecia-me como ninguém, quer dizer… Com ele quase de certeza que não saía magoada. Mas podia estragar a nossa amizade, e eu não queria isso.
“Tenho que arriscar.”- pensei
* * *
O resto do dia tinha sido relativamente normal.
Tinha passado a tarde na piscina, com Josh. O miúdo pode ser muito irritante (e acreditem em mim, é) mas quando quer também é um amor, e verdade seja dita, é uma óptima companhia.
Depois da piscina, tomei banho, e jantei.
Depois do jantar usei o computador de Andrew para ir ao meu e-mail.
Tinha 3 e-mails da minha mãe a perguntar se estava tudo bem, se me estava a divertir, se comia em condições, o normal portanto.
Respondi-lhe dizendo que estava tudo bem, que me estava a divertir imenso (apesar de não ser completamente verdade, não queria preocupar a minha mãe), e que tinha experimentado uns pratos novos e que tinha adorado (ela ia espantar-se com esta parte, porque, por norma, sou bastante esquisita com as comidas).
Quando acabei, desliguei o computador e fui vestir o pijama e lavar os dentes.
Deitei-me na cama, liguei o iPod, mas não consegui adormecer na mesma.
Decidi levantar-me, abrir a janela e sentar-me no parapeito.
Sim, se caísse o mais provável era ir parar ao hospital, mas o equilíbrio sempre fora um dos meus pontos fortes portanto não me preocupava muito com isso.
Quando me comecei a aborrecer de estar á janela, deitei-me de novo e desta vez consegui adormecer. Devia ser o jet-lag, ou qualquer coisa do género.
Apesar de ser pouco provável, pois já se tinham passados vários dias desde que tinha chegado á Califórnia e já estava mais que na hora de me ter habituado aos horários californianos.
* * *
Quando acordei no dia seguinte, já era relativamente tarde, por isso, saltei da cama e fui vestir-me. Vesti uma saia (sim, uma saia) e uma t-shirt, calcei os converse, escovei os dentes e o cabelo e sai da casa de banho, dando de caras com And.
- Olá - disse ele, alegre.
- Hey – respondi sorrindo.
Não sei porque raio ainda me espanto ao ver Andrew tão feliz, quer dizer a ele quase nada o afecta. É difícil ver Andrew sem um sorriso, ele é realmente uma pessoa bastante alegre.
- Então, que queres fazer hoje? – Perguntou ele interrompendo a minha linha de pensamentos.
- Hum… Tanto me faz. Tens planos?
- Não sei, podíamos ir dar uma volta de mota… - sugeriu ele.
- Parece-me bem.
Fui buscar a mala e saímos. Fomos até L.A., como de costume.
Entrámos numa loja de música, pois Andrew estava á procura de uma guitarra nova.
Ele e o vendedor ficaram horas a discutir os prós e os contras das diferentes guitarras enquanto eu me divertia bastante com os outros instrumentos, como por exemplo os diferentes tambores e tamborins e por último, o piano.
Tinha tido aulas de piano em pequena, mas depressa desistido, com a desculpa de que a professora era demasiado exigente. A verdade era que também me faltava força de vontade.
Tentei fazer umas escalas e fiquei surpreendida ao ver que não me tinha esquecido.
Entretanto Andrew acabara a conversa com o vendedor e foi ter comigo.
- Tocas? – Perguntou
- Nem por isso - ri-me- mas tive aulas em pequena. Estava a ver se ainda me lembrava das escalas. Então já compraste a guitarra?
- Não, mas já sei qual vou comprar.
- Nem sabia que tocavas…
- Sim toco desde os 13 – esclareceu Andrew- Por acaso gostava de a ter trazido a minha , assim vias o excelente guitarrista que sou. – Disse ele brincando.
- Ui, convencido – Respondi, começando a rir.
- Então já pensaste? – Perguntou ele enquanto eu via se me lembrava das primeiras notas de Beaming Sunlight, a única musica que tinha conseguido aprender.
- Pensei no quê? – Respondi, passando-me por despercebida
- Naquilo que nós falámos ontem.
- Ah, sim, pensei. – Disse sem acrescentar mais nada.
- E então? – Perguntou ele. A esperança na sua voz era quase palpável.
Acabei de tocar a música e respondi:
- Então, cheguei á conclusão que devia arriscar, isto é...
Ele nem me deixou acabar.
Beijou-me calma e carinhosamente. E, fogo, beijava mesmo bem. A sério.
- Isto quer dizer que nós…? – Perguntei, depois de o beijo ter acabado. Apesar de não o ter dito, tinha a certeza que Andrew iria perceber.
- Se quiseres… – respondeu envergonhado.
- É claro que quero – não cabia em mim de contente.
* * *
As restantes semanas passaram num ápice.
No dia em que cheguei ao aeroporto de San Diego não fazia ideia do que se iria passar durante a minha estadia.
O homem que mais idolatro e que para mim, é a definição de perfeição levou-me ao seu concerto e beijou-me. Duas vezes. Isso é mais do que qualquer fã poderia sequer sonhar. E manter uma amizade com ele, é mais do que aquilo que eu mereço.
Descobri que o meu melhor amigo, é também o melhor namorado que alguma vez tive, e que com ele sou completamente feliz.
Agora sei também que as pessoas na Califórnia são fantásticas, e que nunca poderia passar um dia de seca em L.A.
Hoje encontro-me de novo no aeroporto de San Diego, é espera do meu voo directo para Lisboa. Já tinha falado com a minha mãe pelo telefone e ela ir-me-ia buscar, mal chegasse.
Teria de enfrentar o jet-lag, quase de certeza, mas o pior, seria enfrentar as saudades de Andrew.
Sim, eu sei que as relações á distância nem sempre dão resultado, mas vou dar tudo por tudo para que esta não acabe aqui. Eu gosto mesmo dele, perdê-lo seria horrível.
Não sei quanto ao futuro. Não sei quantas vezes o irei ver por ano, mas estou disposta a aceitar todas as adversidades. E tenho a certeza que ele também.
O avião chegou. Despedi-me dele e embarquei.
“As melhores férias da minha vida”- pensei – “My super sweet seventeen”.
FIM
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