Dormi no máximo três horas, passei o resto do tempo a ouvir música. Por volta das nove e meia da manhã decidi levantar-me da cama e fui ter com Andrew, para poder ter o prazer de, pelo menos uma vez, poder acordá-lo.
Não tive muita sorte, porque, após ter entrado no seu quarto reparei que já estava acordado.
- Já nem se bate às portas – disse ele com um tom de gozo.
- Desculpa - respondi envergonhada – que estás a fazer?
- A escrever – disse ele fechando um caderno.
- Um diário? – Perguntei tentando disfarçar o riso
- Não… É poesia.
- Posso ler? – Estava curiosa, pelos vistos o meu melhor amigo tinha talentos que desconhecia.
- Não… É melhor não.
- Okay, então eu respeito.
Seguiu-se um silêncio embaraçoso.
- Sabes… Lembras-te de quando estávamos a jogar Guitar Hero e tu começaste a falar sobre uma conversa que tínhamos tido na noite anterior? – Comecei.
- Se lembro! Estavas a levar uma abada, que bem, nem te digo nada.
- Epah, não sejas parvo – disse eu desatando a rir a seguir
- Não estou a ser parvo estou a ser realista. Mas sim, lembro-me. Porque é que isso agora veio á baila?
- Porque me lembrei. Lembrei-me da conversa que te estavas a referir ontem, sabes.
- Aquela?
- Sim – tinha a certeza absoluta que estávamos a falar da mesma conversa.
- Então se te lembras da conversa, lembras-te daquilo que me prometeste – disse ele com um sorriso traquinas a nascer-lhe no rosto.
- Não, não me lembro de te ter feito nenhuma promessa.
- Mas fizeste. Prometeste que ias fazer de conta que não tinhas ouvido nada. – disse ele sorrindo.
- Hey, isso não foi uma promessa – disse-lhe atirando uma almofada para cima.
- Eh, violenta!
- O que querias com aquela conversa? – Tinha mesmo de saber.
- Queria saber se te lembravas, mais nada.
- Okay, então vou dizer-te uma coisa, mas também vais ter de prometer que vais fingir que não ouviste… Eu gosto mesmo de ti. Não é uma simples amizade, mas não quero estragar aquilo que temos, sabes?
- Sei. E compreendo.
Nesse momento tocou o telemóvel. Ele atendeu. Passados uns minutos estendeu-me o telefone e disse
- É para ti. É o Jared. – Com uma voz um pouco seca.
O Jared? Que poderia querer ele?
- Olá – disse eu a medo.
- Hey sweetie - respondeu ele – Olha, arranjei convites V.I.P. para o concerto da minha banda, esta noite. Queria saber se estás interessada neles, visto que disseste que eras fã…
Nem o deixei acabar. ConvitesV.I.P? Claro que aceitava.
- Sim, claro que estou interessada.
- Cool, está despachada por volta das 18:00, vou-te buscar a casa.
Despediu-se e desligou o telefone.
- Que queria ele? – Perguntou Andrew desconfiado.
- Hum… Disse que tinha convites V.I.P. e queria saber se eu estava interessada…
- Ah, okay – disse Andrew sem me deixar acabar
- Boa, agora ficaste amuado. – Disse eu em tom de brincadeira
- Não – riu-se – Queres ir á praia hoje?
- Yup – respondi prontamente
- Então despacha-te – Disse ele rindo.
Corri para a casa de banho. Despachei-me, e montei-me na mota de Andrew.
* * *
Cheguei a casa cansada, mas feliz. Tinha passado um dos melhores dias na companhia do meu melhor amigo.
Jantámos e tomei um banho rápido. Vesti as roupas que iria levar para o concerto, e quando acabei de me vestir tocaram á porta.
- Sim, ela está a despachar-se, já vem – era a voz da Sra. Leto.
Calcei os converse e saí da casa de banho.
Vi Jared no hall e cumprimentei-o com dois beijinhos na cara.
- Estás mesmo gira hoje, miúda – disse ele com um sorriso perverso no rosto.
- Obrigada - respondi, corando – vamos?
- Sim, claro.
Entrei no carro dele, montando-me no lugar do pendura. Ele sentou-se a meu lado, pois ia conduzir. Não reparei no exterior, nem na marca. Para ser sincera, automóveis e mecânica nunca foi um dos assuntos que me interessasse muito.
- Então, como te sentes hoje?
- Bem - disse, esboçando um sorriso envergonhado.
- Ainda bem querida. Sabes, convidei-te hoje porque no outro dia, quando estávamos na piscina, disseste-me que nunca tinhas ido a um concerto nosso, apesar de seres fã há algum tempo…
- Sim, das duas vezes que vocês actuaram em Portugal, eu nunca pude ir. Foi preciso vir á Califórnia para vos ver ao vivo. E ainda por cima, com convites V.I.P., isto não é para todos – admiti, rindo-me.
- Claro, honey, tudo de melhor para ti. – e lançou-me um olhar que não consegui interpretar – qual é a tua música preferida?
- Humm… Buddha for Mary sem dúvida.
- Esta noite quando tocarmos essa música, vou dedicá-la a ti.
Não queria acreditar no que tinha acabado de ouvir. Hoje devia ser um daqueles dias onde nada corria mal, tudo era perfeito.
Finalmente chegámos ao recinto onde iria decorrer o espectáculo. Conheci o resto da banda, quando estive nos camarins e pude conversar com todos eles.
Assisti ao concerto da bancada V.I.P. (sabia bem dizer isto). A energia e o carisma que eles emanavam em palco extasiava-me. A sério. Ao olhar para eles sentia-me com energia suficiente para escalar uma montanha.
A última música foi Buddha for Mary.
Os meus olhos brilharam. Pensei que ele estivesse a brincar quando disse aquilo, mas pelos vistos não.
Depois do concerto e dos rituais pós-concerto, Jared levou-me a casa.
Despedimo-nos no alpendre, e ele fez a coisa mais improvável. Em vez dos beijinhos nas faces da praxe, beijou-me ao de leve na boca e disse-me “ até amanhã” com um sorriso na cara.
Fiquei estática. Entrei em casa, subi as escadas a correr e tranquei-me no quarto.
Que raio tinha sido aquilo?
OMG que fofura *_____*
ResponderEliminarAMEI :'D